noites de carnaval, noites
de ruidoso amor
o baticum dos tambores
africanos
os humores eróticos
os tremores requebrados
passistas apressados
nas noites de antigos
carnavais
perfume de lança-perfumes
inebriantes
fontes
danças de estrelas
na batalha de confetes
requebros noturnos
ruas apertadas
portas abertas
noites de carnaval, noites
de luar
(para Jefferson Bessa)
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
neste carnaval a batucada alada
neste carnaval a batucada alada
do teu coração vem em segredo
pulsando implode com soluço e gozo
da tua dentina o brilho serpentina
se envolve na tua boca pequenina
onde o desejo acende teus incensos
sândalo salgado perfumada rima
no carnaval de tão perdida rosa
que desce tua cintura e goza
do teu coração vem em segredo
pulsando implode com soluço e gozo
da tua dentina o brilho serpentina
se envolve na tua boca pequenina
onde o desejo acende teus incensos
sândalo salgado perfumada rima
no carnaval de tão perdida rosa
que desce tua cintura e goza
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neste carnaval a batucada alada
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
CARNAVAL
CARNAVAL
ROGEL SAMUEL
NUM carnaval livro que me faz pensar a morte.
Um livro amarelado, de latim.
Sim, porque é carnaval, nós pensamos muito, ao som daquela batucada.
A muito antiga recordação me chega pelos blocos de sujos, pelas máscaras da morte. Seus corredores.
O desfile. Longe. Seu rebolado, ouço.
De seus batuques o bulir.
De seus reco-recos a tamborinada batucada.
O desfile segue, na direção da morte.
Da Matriz? Do Congresso?
Do princípio ou do fim?
Nítido já não está seu quadro mágico.
No escuro da esquina o grupo some.
Roda o tempo, mergulha, abissal grito de dor.
Corta a espada o sonho antigo.
Personagens, fantasias saem pela porta que sempre esteve ali, aberta, mas disfarçada. Vestidos de mortos. Da morte.
A uma quadra dali, estala o balaco-baco do quadro carnavalesco.
É onde estive.
Onde sempre estarei.
Outra face.
Olímpico, Rio Negro.
As fantasias esgarçadas, esmaecidas.
Pulsa o sangue novo dos viventes mortos.
Transparentes véus se abrem de onde saem as festas. Fadas, prestidigitadores, coreógrafos, mandarins, camélias.
Um raio de serpentina luminosa atravessa o ar, desenrola seu puro ouro.
De dentro do salão tudo brilha como cristal.
O salão espelhado do Clube. Faz tudo girar.
É redondo.
Das lança-perfumes o perfume o ar.
Oh, Camélias de minha vida, reapareçam!
No chão súbitas estrelas lancinantes caem e abrem seus cortinados de papel crepon.
Quem nunca pensei rever, agora está ali dançar.
O Sílvio me acena, cantando, rebolando, gestualizando, do fundo de seu passado.
Sapateado Maloca dos Barés.
Todos ali se afastam das mesas nas fantasias de si mesmos.
O rei Momo e sua corte avança, na alegoria da vida.
Não o reconheço.
Ele prospera ali.
Vem do luar um halo da mágica fala branca que atravessa o vácuo da noite.
A festa goteja, se afasta.
No céu se faz um súbito silêncio.
Brutal surdez cristaliza mundos estelares.
Onde, ó Amada, estão eles?
Não ouso pronunciar seus nomes.
Para onde foram, foliões?
O desfile entra no vale das sombras.
Alegria se desconstruindo, fazendo-se distante e silenciosa.
No afastado em vão os chamo.
- Não me deixem, ó Brinquedos! Não atravessem este rio. Voltem para seus barcos.
......
A vida desfila carnavalesca. Alegres, cantantes, fantasiados, mascarados, palhaços. Mergulham na morte. O vento.
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