terça-feira, 24 de dezembro de 2019

POEMA

para Jefferson Bessa


seu poema está imerso
nessas ondas do fundo
que confundem são gavetas
são marcas dágua
são dunas de um outro mundo
são gravações agravadas
onde o poema dorme, gravado
mas solto, engavetado
mas aéreo, eu disse
que essa sua nova fase
de sua poesia vai ser gravada
nas ondas desse mar
desse colorido mar
nas ondas do fundo da memória
desses computadores-leitores
a cores
ou leitores em preto e branco e agora
em ondas vermelhas pretas e azuis
concentradas
concêntricas
fecundas
postadas
gravadas
água
água e areia
água
tinta de cor de água
água e tinta de água e cor

***

Jefferson Bessa escreveu:


nossas águas-palavras (para Rogel Samuel)


palavra úmida
em palavra água
gravada em seiva
em leitura água-viva.

palavra-ondina
amistosa fluvial.
é nossa face que vibra
por entre a tela líquida.

letras postadas
móveis nos corpos
na confluência de ondas
escritas, magnéticas.

é tinta de olhos
pela entre-onda
muito atenta e diluída
que ondula o poema.

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